Começando em Pinga e chegando a Falcao, o Futebol Clube do Porto sempre teve grandes avançados. Na história azul e branca ressaltam nomes como Kordnya, Pinga, Domingos, Jardel, Lisandro... Mas talvez nenhum seja tão querido dos dragões como o nome de Fernando Gomes, ou o «bi-bota», como tão carinhosamente ainda hoje é apodado pelos adeptos portistas.
Seis vezes eleito melhor marcador do Campeonato Nacional, vencedor de duas Botas de Ouro do jornal France Football que premiavam o melhor artilheiro de todos os campeonatos da Europa.
Natural da cidade do Porto, Gomes iniciou a carreira de dragão ao peito em 1974. Entre 1976/77 e 1978/79 conquistou por três vezes a «Bola de Ouro», dois anos depois, e mesmo na sequência de uma época perdida, foi contratado pelos espanhóis do Sporting Gijón pela exorbitante quantia de 60 milhões de pesetas!
No primeiro jogo contra o Oviedo encantou e marcou cinco golos, mas rapidamente lesionou-se, e os dois anos em Espanha acabaram por se tornar um calvário.
Quando Pinto da Costa se torna Presidente do FC Porto, uma das suas primeiras prioridades foi ir buscar Gomes de volta. Os anos seguintes provaram ser uma decisão acertada.
Mais três «Bolas de Prata» e duas «Botas de Ouro» (1983 e 1985), golos atrás de golos que conduziram o Porto a mais vitórias e títulos e a duas finais europeias.
Presente na derrota em Basileia contra a Juventus, foi fundamental na caminhada para a vitória na Taça dos Campeões contra o Bayern em Viena, jogo em que devido a lesão lamentavelmente não pode disputar, no que o próprio considerou ser a maior mágoa da sua carreira.
No ano seguinte, já recuperado da lesão, marca um dos dois golos da vitória na Taça Intercontinental contra o Peñarol.
Adorado pelos adeptos, o «bi-bota» torna-se um símbolo do clube e é com grande estranheza e decepção que os portistas lêem o treinador Tomislav Ivic clamar: “Gomes é Finito!”. Pouco depois Ivic substitui Gomes já na segunda parte do jogo da 2ª mão entre o FC Porto e o Ajax, a contar para a Supertaça Europeia, impedindo desta forma o capitão de erguer o troféu. O “tribunal das Antas” não perdoou e dispensou uma das maiores vaias da sua história ao treinador Croata.
Quando Ivic é substituído por Quinito e este proclama que com ele o Porto é “Gomes e mais dez”, tudo parece voltar à normalidade. Mas os maus resultados levam ao despedimento do treinador e ao regresso de Artur Jorge.
Tudo corria bem até que numa fatídica noite o capitão se insurge contra o facto de os dirigentes serem servidos antes dos jogadores, quando já era tão tarde e havia um jogo no dia seguinte. Gomes é temporariamente suspenso, surgem as trocas de acusações entre o jogador e Octávio Machado, então treinador adjunto.
O resto é o fim de uma história de amor, com palavras duras, lágrimas, num processo em que ninguém ficou a ganhar.
Para tristeza de muitos portistas, e incompreensão de outros tantos, Fernando Gomes resolve continuar a carreira num dos rivais lisboetas, voltando ainda a pisar o relvado das Antas, mas desta vez com o leão ao peito.
Na época de 1990/91, a sua última época como jogador, ainda apontou 22 golos no Campeonato,e foi fundamental na extraordinária carreira europeia do Sporting até as meias-finais da Taça UEFA.
Pela selecção das quinas jogou 48 vezes e marcou 13 golos, tendo disputado a fase final do Euro 84 e o Mundial do México em 1986.
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