É o segundo defesa do FC Porto mais poderoso fisicamente (1,90 metros e 74 kg), mas não é por isso que Maicon se tornou indiscutível, quase três anos depois de ter chegado para ocupar a sombra de Bruno Alves e Rolando. A grande força do brasileiro está na cabeça. A dedicação, o empenho diário e a obessão por melhorar não lhe permitem sequer um sorriso quando está a treinar. "É muito sério no trabalho e não admite brincadeiras. Talvez por isso nunca tenha sido muito próximo dele. Recordo-me de uma pessoa muito obcecada em crescer", recorda Felipe Lopes, ex-colega no Nacional e primeiro parceiro em Portugal.
Na Madeira, Maicon não fez muitos amigos. O feitio introvertido atrasou a adaptação. João Aurélio foi, por ventura, aquele que mais se conseguiu aproximar dele e um dos poucos com o qual mantém contacto regular. "Concordo com o Felipe. É muito sério e treina sempre no máximo. Não gosta de quem não faz o mesmo que ele. Até nos exercícios simples de velocidade recusava brincar! Havia um grande despique entre nós, mas ele ganhava quase sempre", conta.
Maicon tem sete vidas e "nunca desiste", garante João Aurélio. Talvez por isso tenha superado um ano no FC Porto praticamente sem jogar e a rejeição a meio da temporada passada em favor de Otamendi. Este ano já foi quarta opção e só os problemas de Fucile e Sapunaru lhe valeram o regresso à equipa, como lateral-direito. A permanência no posto foi explicada por Vítor Pereira pela "grande atitude e exigência máxima" que lhe assegurava.
Maicon é mesmo muito persistente, garantem os ex-colegas. "E tem uma capacidade de superação enorme. Psicologicamente não foi feito para se deixar abalar. Por isso não me surpreende que ao fim de tanto tempo tenha conquistado o lugar de titular. E eu aprovo. É uma mais-valia", sublinha Felipe Lopes, agora no Wolfsburgo, da Alemanha. "Teve alguns maus jogos como lateral, mas não se deixou abalar e agora já é elogiado por isso. Só prova a força mental de que eu já falei", reforça o também defesa-central.
Maicon somou, entre 5 de novembro e 16 de fevereiro, 16 jogos consecutivos como titular. O anterior recorde eram nove.
A direita não foi sacrifício
Depois de o ter visto jogar a lateral-direito, João Aurélio não resistiu a provocar Maicon no Facebook. "Ainda vais seguir os meus passos", brincou, em alusão ao facto de também ele ter sido adaptado anteriormente. "Faço tudo pela equipa. Você sabe como eu sou", respondeu Maicon. E sabe mesmo. "Ele não encarou a adaptação como um sacrifício, mas antes como uma oportunidade para ganhar um lugar. E assim foi", aponta, garantindo porém que "é como central que vai dar cartas", pois para ser um excelente lateral "precisa de rotinas que demoram tempo a ganhar".
in ojogo
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